Vamos dizer adeus à sonda (no nariz)
Desde o primeiro de dia de vida que o Martim é alimentado por uma sonda nasogástrica. No início tinha a sonda na boca, mas desde maio que passou a usá-la no nariz para que os movimentos da língua pudessem desenvolver sem que tenha nada a incomodá-lo.
Estamos a uma semana de nos "despedirmos" desta sonda. O Martim vai "perder" o acessório que mais identifica a doença neuromuscular dele.
Não vai ser um adeus às sondas, pelo menos para já, mas a longo prazo esta sonda não é o mais indicado para o Martim. É uma sonda fina onde não é possível administrar sopa, papa ou fruta devido à espessura da comida. É uma sonda que se torna desconfortável, tem de ser trocada com frequência.
Vamos dizer olá à sonda colocada na barriga diretamente ao estômago, através de uma cirurgia (gastrostomia endoscópica
percutânea - PEG). Este método alternativo à sonda no nariz é menos invasivo, eficiente e seguro, no entanto poderá ter algumas complicações associadas. Infeções, exteriorização da sonda ou outros problemas poderão surgir mas podem ser prevenidos se o manuseamento da sonda for feito com os cuidados necessários.
Segundo o cirurgião que vai estar presente na colocação desta sonda, o procedimento é relativamente simples e, normalmente, demora menos de trinta minutos.
Para que percebam em que consiste a cirurgia mostro-vos a explicação do método que encontrei num artigo de investigação médica* que foi escrito com base em dados do Centro Hospitalar do Porto.
1. Realização de endoscopia digestiva alta e exclusão de contraindicações;
2. Localização da área epigástrica mais adequada (ponto onde a parede gástrica está em íntimo contacto com a parede abdominal) por transiluminação após insuflação gástrica;
3. Incisão da pele, no ponto escolhido, com comprimento adequado ao diâmetro da sonda selecionada individualmente para cada doente;
4. Picada sob aspiração, com agulha intramuscular adaptada a uma seringa com soro fisiológico, para excluir interposição de ansa cólica;
5. Punção do estômago através da parede abdominal com agulha mandrilada e sob controlo endoscópico;
6. Introdução de fio plástico e preensão do mesmo com ansa endoscópica seguida da sua exteriorização pela boca;
7. Adaptação da sonda de gastrostomia à extremidade oral do fio;
8. Exteriorização do fio por tracção através do orifício abdominal com introdução simultânea da sonda de gastrostomia por via oral;
9. Posicionamento da sonda uma vez exteriorizada através da parede abdominal e fixação com disco limitante externo.
O aspeto final exterior será semelhante ao da imagem acima. Vai permitir ao Martim iniciar outra alimentação, como a sopa, a papa e a fruta e mais tarde outras comidas, desde que bem passadas para que não haja o risco de entupir a sonda. É uma alternativa mais cómoda, mais completa e mais discreta.
O Martim vai deixar de ter uma sonda para arrancar e eu vou deixar de ter uma sonda para colocar vezes sem conta num único dia. Vou deixar de andar com sondas e adesivos para todo o lado que vá. Vamos ter as nossas rotinas um bocadinho menos exigentes.
Daqui a uns dias será a cirurgia e só peço que tudo corra pelo melhor. Que não haja complicações e que o processo de cicatrização seja feito no tempo normal e sem imprevistos.
- A Mãe
* Gastrostomia Endoscópica Percutânea: A sua importância na criança, Dissertação – Artigo de Investigação Médica do Mestrado Integrado em Medicina de Joana Novais Pimenta (2009/2010)
Vai correr tudo bem <3 Bom artigo Mãe do Sexto Esquerdo!
ResponderEliminarDesejo que corra tudo bem e que o Martim tenha uma melhor qualidade de vida até ficar a 100% bjnho
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