Crónicas de uma Mãe por Soraia Brandão

O meu nome é Soraia, tenho 25 anos e sou mãe do Rodrigo, que tem um mesinho. Aceitei o convite da Mãe do Sexto Esquerdo e estou aqui para vos contar alguns pedaços da minha gravidez até ao dia de hoje. 

   Perlimpimpim e a minha história começa assim… 

19 de Agosto de 2016, 6:15 da manhã, era hora de fazer o esperado teste, já andava desconfiada de qualquer coisa, não porque tivesse os sintomas de uma possível gravidez, mas sim porque algo me dizia que estaria grávida, como se fosse um pressentimento ou o sexto sentido da mulher e futura mãe. E assim foi, Positivo! Fiquei sem reacção. Não sabia se ria, se chorava! Mas a verdade é que lá estava o Positivo.

O pai ao princípio não se acreditou, fez-me comprar um outro teste para ver que não seria um falso positivo. Os avós souberem 2 semanas depois, ficaram radiantes, o primeiro neto para ambos!

05 de Dezembro de 2016, soubemos que era um  menino. O pai só não fez uma festa no consultório, porque não pôde. Para mim, menina ou menino era indiferente, mas para o pai, menino era menino! O menino que ele almeja ver crescer no mundo do futebol, o menino-prodígio, o menino dos olhos dele, o Nosso menino!

16 de Fevereiro de 2017, ecografia do 3.º trimestre, estávamos super ansiosos para ver se estava tudo bem. A médica muito calada, pouco falava, só me disse Mãe, anda a beber água? Tem noção que esta criança pode entrar em sofrimento? Tem muito pouco líquido. Até estou a ter dificuldades em encontrar o estômago deste bebé. O meu mundo ia desabando, com aquilo que estava a ser dito e com tanta frieza naquelas palavras. Chorei, chorei, chorei. Liguei de imediato à minha médica que me tranquilizou.

Passado uns dias tornei a fazer nova ecografia, noutro sítio, e embora o líquido estivesse no nível inferior, não era sinal para tanto alarmismo. Recomendação para beber 3 litros de água por dia e repouso. Assim o fiz!

20 de Abril de 2017, completava as 40 semanas e nada do Rodrigo querer nascer. Já tínhamos a indução do parto marcada para dia 28 de Abril.

23 de Abril de 2017, fui ver o jogo do pai do Rodrigo, sei que seria o último que iria, pelo menos para já.

E que jogo, o pai marcou um golo, o primeiro da época e dedicou-o ao Nosso menino, mas que alegria! Parece que era disto que o Rodrigo precisava para vir ao Mundo!

24 de Abril de 2017, 10:35, estava eu deitada no sofá, porque tinha andado a “arrumar” a casa e estava com os pés super inchados, quando ouvi dois sons estranhos dentro da minha barriga. Levantei-me à pressa, quando para meu espanto, as águas tinham rebentado. Fiquei petrificada a olhar sem saber o que fazer. Mas tinha aprendido no curso de Preparação para o Parto, que se fosse líquido sem cheiro e sem cor, que tinha tempo, inclusive de tomar um duche e manter a calma sempre!

Liguei ao pai do Rodrigo que chegou a casa num ápice, mais aflito e nervoso que eu. Lá fomos para o hospital. Depois de realizados todos os exames, lá seguimos para a sala de partos, eram 13:30.

Dilatação tinha apenas 1 cm, então foi necessário induzirem o parto. Se até aqui estava tranquila de dores, agora elas começaram a aparecer, mas até que as ia controlando com os exercícios de bola e respiração.

Às 19:00 pedi epidural, as dores começaram a ser cada vez mais fortes. Estávamos com 3 cm de dilatação. Estava para demorar. O pai estava impaciente, ansioso a meu lado, mas também não era para menos. Tanto tempo, pensava eu (mal sabia eu o tempo que ainda tinha pela frente).

As horas foram-se passando e entretanto já estávamos no dia seguinte.

25 de Abril de 2017, 08:00 entra uma nova médica, que me diz mamã vamos acelerar isto? Já aqui está à muito tempo! A sério? A sério que já não podiam ter feito isso antes? Mas pronto... sei que passamos em pouco tempo dos 6 cm para 10 cm. A parteira perguntou-me se sabia puxar, disse que sim (benditas aulas de preparação para o parto).

11:17, nasce o grande amor da minha vida. 2.900 kg e 47.5 cm. O Rodrigo era aquele bebé "come e dorme", muitas das vezes até tinha de o acordar para ele mamar, iria ter sorte! Não era um bebé chorão!

27 de Abril de 2017, tive alta hospitalar, só faltava o Rodrigo ir ao Pediatra e depois já podíamos ir para a nossa casinha. Mas as coisas no Pediatra não correram como eu esperava. O Rodrigo tinha perdido muito peso, estava agora com 2.650 kg e estava bastante amarelo (icterícia), tinha de fazer luzes e não podia ir para casa. Mas que desilusão, chorei, chorei… acho que já não aguentava mais estar ali naquele hospital. Mas lá me fui conformando pensando sempre que talvez fosse embora no dia seguinte, mas mais uma vez não fomos! Mais uma choradeira! Acho que já não me estava a conseguir controlar e o meu estado psicológico estava a ficar muito fraco! Eu só queria ir embora, eu só queria a minha casa, o meu espaço, mas tinha o meu bebé ali, a precisar daqueles cuidados e fui-me segurando a isso.

28 de Abril de 2017, fomos passados para o serviço de Pediatria, porque o serviço de Obstetrícia estava lotado e tínhamos de desocupar camas. Fomos para um quarto sozinhos, por um lado foi melhor, mais sossego, estávamos mais à vontade e finalmente nessa noite consegui dormir umas três horas. Acho que era isso que me faltava, dormir.

29 de Abril de 2017, finalmente tivemos alta. Mas que alegria! Fomos para casa da avó paterna do Rodrigo e lá permanecemos quatro semanas. Foi uma ótima ajuda para mim e para o pai.

20 de Maio de 2017, viemos para a nossa casinha e o Rodrigo está a gostar muito. Continua a ser o bebé "come e dorme", mas agora aprendeu a fazer birras para adormecer, a ver vamos como corre daqui para a frente!

25 de Maio de 2017, o Rodrigo completa hoje um mês.

Ter este filho foi a melhor coisa que me aconteceu na vida! 

- Soraia Brandão | 25 de Abril de 2017