Crónicas de uma Mãe por Diana Rocha

Olá a todos aqueles que seguem o blog da Mãe do Sexto Esquerdo, a quem agradeço o convite.
O meu nome é Diana, tenho 27 anos e sou mãe do Matias, que tem 21 meses.


Tenho a certeza de que a nossa história é igual a tantas outras, umas que têm finais felizes e outras infelizmente não. Posso já dizer-vos que a nossa tem um final feliz.
A gravidez do Matias foi muito desejada, e no mês de Fevereiro de 2015 tivemos o nosso esperado positivo. Foi uma alegria, mas também um turbilhão de perguntas: Será que vai correr tudo bem? Será menino ou menina? Como será o parto?
Telefonei logo a minha ginecologista, a Drª R., que nos seguiu sempre até ao nascimento do Matias. 
A gravidez foi fantástica, nada de enjoos, pelo contrário, muita vontade de comer. Menino ou menina? Era igual para nós, mas o meu sexto sentido dizia-me que era menino. O nome já estava escolhido, Matias.
Tudo corria lindamente até ao mês de Agosto, quando certo dia tive umas dores fortes no fundo da barriga. Após uma ida ao hospital o diagnóstico foram “contracções”. Confesso que fiquei em choque. “Contracções? Mas o nascimento só está previsto para 25 de Outubro, e só estou grávida de 26 semanas!!” Comecei a tomar magnésio para atrasar as contracções e repouso. Até ao dia do nascimento, sempre tive cerca de duas a três contracções por dia, e por isso mesmo passei a ser seguida pela Drª R. todas as semanas.
Foi numa dessas consultas semanais, no dia 22 de Setembro de 2015, que tudo aconteceu, e ainda bem que estava no sitio certo à hora certa. Chegamos a maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, por volta das 19h10m, e como era habitual fomos fazer os “traçados”, para registar a regularidade e intensidade das contracções, mas também a forma como o ritmo cardíaco do bebé reage a cada contracção. Passado cerca de cinco minutos digo eu para o meu marido “estou com uma contracção”, e nisto passa a enfermeira que fica com cara de caso a olhar para o aparelho. “Está com uma contracção?”. Afirmei que sim com a cabeça. “Vire-se de lado”, “sente-se”… algo não estava bem… e quando a enfermeira começa aos berros “Drª R. venha aqui depressa”, foi a confirmação disso mesmo. Tinha a minha médica e uma enfermeira de volta de mim, a abanar-me de todas as formas, a gritarem para chamar imediatamente o Dr. B., a minha médica a perguntar: “Tem sentido o bebé?”. Eu e o meu marido em pânico, sem sabermos o que se passava. Eu respondi que sim, que achava que ainda de manhã tinha mexido. Em menos de 1 minuto o Dr B. estava lá. Mudaram-me de sala. Tinha o Dr B. a fazer-me uma ecografia, a enfermeira a meter-me um cateter na mão e uma auxiliar a tirar-me a roupa. E eu só perguntava “Está tudo bem?”. A única resposta que me deram foi: “Para ficar tudo bem o bebé tem de nascer já!”.
“Nascer já”…foi com isto na cabeça que subi para o bloco para fazer uma cesariana de emergência. 35 semanas era o meu tempo de gestação. Iria ter um bebé prematuro…
Em poucos minutos, ouvi-o chorar, um choro muito baixinho, eram 19h42m. Pensei “Está tudo bem”. O Matias nasceu com 2,295 kg e 42 cm.


Era muito pequenino, prematuro, mas não precisou de incubadora, pois conseguiu respirar bem sozinho. Quando estava a ser cosida, um médico lá me foi dizendo que o Matias entrou em bradicardia fetal, e uma vez que a minha contracção não passava tiveram de agir. Estava já eu no quarto, quando a  Drª R. me disse que apesar de ainda não estar em sofrimento fetal o Matias já não estava bem, e caso isto me tivesse acontecido em casa podia não ter dado por ela e o Matias já não estar aqui hoje.
Não tem nenhuma sequela da falta de oxigénio, é um menino cheio de vida, muito traquina. A única diferença é que sempre vestiu roupa mais pequena para a idade e o peso anda no percentil mínimo. Está na nossa vida há 21 meses, e é o melhor de nós. Não sei se foi o destino, se foi Deus ou os anjinhos do Matias que nos puseram no local certo à hora certa, mas agradeço a todos, incluindo a Drª R. e toda a equipa da maternidade, por ele estar aqui comigo. 


Queria dedicar esta nossa experiência a todas as mães e companheiros que não tiveram um final feliz como o nosso. Seria uma dor enorme tê-lo perdido a cinco semanas do fim da gravidez.
 A todas estas guerreiras.

- Diana Rocha

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